1. |
QUEM ME CHAMOU
03:38
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quem me chamou, chamou, chamou?
pensei que te acalmava a dor
mas que me tinhas bem domado
mantido numa caixa algures
fechado e bem guardado
bem sei que te queria agora
o bem que me fazia agora
quem me chamou, chamou, chamou?
senti-te manobrado
vieste cheio de gana
de nervos à flor da pele
e focado num só tema
bem sei que te queria agora
o bem que me fazia agora
(vem ter comigo lá fora)
vês é aquele ali ... vá, dá-lhe o toque
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2. |
FAZ-TE UM HOMEM, RAPAZ
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modera a ansiedade de te veres a eito
faz-te calmo e bom proveito
quando amanhã te levantares
e achares que é natural
não pensares nessa mulher, então
tudo vai mal
quando te ouvires a falar
mete a cabeça para dentro
quando te ouvires a falar
encolhe os ombros num lamento
nem penses nisso, então
tudo vai mal
tudo vai mal
vai de mal a pior
e essa coragem, se és capaz
faz-te um homem, rapaz
já viste o que um dia faz?
e se esta noite passar
há-de te irritar o dia
e se esta noite evitar
o que a estupidez faria
pára com isso, então
tudo vai mal
tudo vai mal
vai de mal a pior
e essa coragem, se és capaz
vá lá, faz-te um homem, rapaz
modera a ansiedade de te veres a eito
faz-te calmo e bom proveito
faz-te um homem, rapaz
já viste o que um dia faz?
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3. |
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Não quero os pés assentes no chão
Isto é tudo meu
E enquanto pairo a alguns centímetros do chão
Isto é tudo meu
Nada me pára
Corro de olhos fechados
Entre corpos amorfos
Corro com o tempo mas este não corre comigo
Nada me pára
A pedra é dor entranhada na pele
São lascas de mármore entranhadas na pele
Coço as feridas que tenho na pele
Fica a mazela, essa sim, carrego com ela
Faz de mim o que sou
Pó entranhado na pele
Escorrego sem medo ao longo de um corrimão
Sinto o corpo vibrar à velocidade do som
Só que um passo em falso manda-me ao chão
Fica a mazela, essa sim, carrego com ela
Faz de mim o que sou
Pó entranhado na pele
Não quero os pés assentes no chão
Isto é tudo meu
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4. |
QUANDO TROVEJA
02:57
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quero trincar os teus ossos
e roer-te os nervos
enquanto troveja
cravar os meus dentes nos teus braços
e farejar-te o peito
longe da aldeia
um carro mergulha no nevoeiro
e enquanto dura
caminho pelo teu corpo
lambendo a água da chuva
e eu a abocanhar-te esse pescoço
a alimentar-me do teu corpo
a noite inteira
cantar-te a balada do coiote
sem manhas, só sabor
à luz da lua cheia
...longe da aldeia
...longe da alcateia
cada trovão são mais tantos segundos
até que separo o meu corpo de ti
mais um trovão e suspiras por fim
...ah ... quando troveja...
cada trovão são mais tantos segundos
e enquanto dura
caminho pelo teu corpo
lambendo a água da chuva
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5. |
BRUXAS
04:14
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quero que me olhes
enquanto contas essa tua história
quero ver a tua expressão mudar
enquanto te mostro que não me convences
afinal, nesse conto de fadas quem és?
a beladona no pau de vassoura
onde te roças para voar
elevou-te demasiado
bruxa. sua bruxa.
bruxa. és uma só no meio de muitas bruxas.
e por que raio partilham as poções?
e dessas convenções que por vezes duram meses
porque é que queimam sempre alguém,
que por si só estaria queimado?
não vos chegam as bolhas?
será precisa a carne?
e se ao voar pela lua cais,
quem vai impedir as minhocas de te comerem?
(que estas te comam toda)
és feia... és feia, bruxa.
a flor que trazes ao peito é uma farsa
está podre
contigo só corvos...nem gralhas...só corvos.
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6. |
ALDEIA
04:35
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vim dar uma volta à tua aldeia
já não volto
quis fazer do mundo a tua aldeia
já não volto
quem me dera poder cravar as unhas dos pés às raízes, coalescer, e deixar que as minhas rebentem
e aqui na tua aldeia tão longe da minha
lamber do chão a certeza da natureza
até que os nossos frutos, no chão, comidos por larvas
se entranhem na terra mãe
que eu não pense que isto vai ser bem assim
vim dar uma volta à tua aldeia
já não volto
quis fazer do mundo a tua aldeia
já não volto
quem me dera poder deixar tudo para trás embalado
e beber das enxurradas a lama ainda quente
mas não penses que isto vai ser sempre assim
não te esqueças do podre das feridas abertas que deixaste ao sol a secar
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7. |
DÁ-ME DOR
03:11
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dá-me dor, dá-me muita dor.
rasgam-me os pés descalços
as ostras na rocha ao sol
e trago já os olhos baços
deste nosso humor sem sal
dá-me dor, dá-me muita dor.
sugam-me os dedos flácidos
as águas esquecidas ao sol
restam-me uns ossos fracos
vestidos num corpo mole
dá-me dor, dá-me muita dor.
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8. |
MORDE-ME
02:46
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morde-me
de uma vez por todas, morde-me
já que essas trincas não deixam senão um rasto de baba quente
vá morde-me e deixa-me ter o prazer de sentir a dor aguda desses dentes cravados bem fundo na minha pele
vá... se isso que queres, fá-lo!
morde-me
andas mansinho há tempo demais
e eu não consigo deixar de pensar no lobo que em tempos foste
vá morde-me e rasga essa trela que te mantém um cão inerte deitado aos pés de quem te oferece uns restos
vá... se isso que queres, fá-lo!
lembra-te do lobo que foste.
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9. |
SE
03:18
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parece que foi ontem que anunciaste a nossa morte viraste-me as costas à espera que te chamasse ou mesmo que te puxasse pelo braço esquerdo e o prendesse atrás das tuas costas enquanto te beijava salivando a culpa amarga do fundo da boca e no entanto quem esperou fui eu quantas vezes vi esse teu filme se ao menos te tivesses virado eu tinha-te beijado salivando a culpa amarga do fundo da boca
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10. |
MULHER DA MINHA VIDA
03:26
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hoje podias ser a mulher da minha vida,
hoje, só hoje, e só hoje à noite
sendo assim, que tal mais uma bebida?
hoje, hoje, hoje à noite
vem cá, que quero dizer-te uma coisa
coisa pouca
bem junto ao ouvido
o teu corpo em contraluz faz-me sorrir
mas eu quero é ver-te nua.
ter-te faz-me tremer
mas eu quero é beber-te nua.
hoje podia ter mão na minha vida
hoje, só hoje, e só hoje à noite
e contigo talvez encontrar uma saída
hoje, hoje, hoje à noite
ainda não é desta
custa pensar
e então, desisto.
vou beber-te durante uma vida
e não só hoje, só hoje à noite.
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11. |
TOMA O COMPRIMIDO
04:50
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