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intro
01:30
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2. |
em menos de meia hora
03:02
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Era cedo, já manhã e a luz fez-te correr atrás do tempo perdido que o sono te tirou. Nem querias crer que aquilo que acabavas de viver tinha sido em menos de meia hora. Foi então que tomaste a decisão de partir. Querias viver a vida a dormir sem sequer me levares contigo. Aquele era o teu mundo, sem o ruído da razão a moldar-te a percepção. Aceitaste a ilusão e esse teu corpo cedeu agarrado a um tempo marado que o sonho te propôs. Não supunhas é que aquilo que acabavas de viver tinha sido o refugo duma vida inteira. Foi então que suspiraste e acabaste a dizer: “Vivi toda a vida a dormir, nem sei como partilhá-lo contigo”. Aquele era o teu mundo, sem o ruído da razão a moldar-te a percepção. Já só sabias estar bem contigo a dormir.
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3. |
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Não quis fazer como tinha visto fazer enquanto crescia. Não quis seguir pelo caminho que lhe foi dado a seguir, aquele mais óbvio. Nesses terrenos trilhados foi sempre por fora ciente que o chão se movia com ele. Já estavas à espera disto. Deixaste-te ir mas vieste dar à costa. Agora admite que estás bem e que é bem estar de volta. Embora ali houvesse quem finasse, lá foi ele. Galgou a rocha à bruta, sem medo, lá foi ele. Nesses terrenos trilhados foi sempre por fora ciente que o chão se movia com ele. Já estavas à espera disto. Deixaste-te ir mas vieste dar à costa. Agora admite que estás bem e que é bem estar de volta. Então vá de vestir calças e dizer com convicção: “Está tudo bem!” Então vá de dar ao braço e puxar com convicção e pensar: “Eu cá tomo conta disto.” Já estavas à espera disto. Deixaste-te ir mas vieste dar à costa. Agora admite que estás bem e que é bem estar de volta.
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4. |
eles deram as mãos
03:58
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Vidro, gás, água. Amotinam-se multidões que dão tudo o que têm para aguentar tal repressão (era só sangue e lágrimas). E agora mais do que antes, nunca me fez tanto sentido cantar canções de intervenção, basta olhar à volta. Alguma coisa tem de mudar em nós. Se já não falamos entre dentes, então porquê todo este receio de falar do estado da nação? Deixar de estar de fora. Uma sombra passa, alguém acena e já perdi esse teu olhar. Mas olha, não te vás embora, junta-te a mim. Fumo, pedra e multimédia agitam a situação. Há de tudo sobre tudo a incitar à reacção. Eles deram as mãos e mostraram a cara. Gritaram de baixo e provaram que dava. Eles deram as mãos e nós como é? Que é feito da tal revolução? E agora mais do que antes, nunca me fez tanto sentido cantar canções de intervenção. Deixar de estar de fora e não aceitar que a voz se apague pelo cansaço. Isso é que era bom.
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5. |
olha que bem
03:11
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Olha quem é! Abanca aí e passa-me o pão por favor. Sim, sim, mas deixa-me pensar se vou jantar. Sabes? Não tenho tido estômago para comer o que tens para dizer. Bem, se não te importas é agora que eu vou. Vou com aquilo que sei tentar viver num mundo meu. Ora que bem, aguenta aí e faz-me um café por favor. Sim, sim, mas deixa-me frisar que não vou ficar. Sabes? Não tenho tido estômago para comer o que tens para dizer. Bem, se não te importas é agora que eu vou. Vou com aquilo que sei tratar de viver num mundo meu. Só de pensar naquilo que foi dito e na forma como foi dito. Isto não parece fazer sentido e ainda dizes que nada disto te é sentido. Olha que bem.
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6. |
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Muito mais cedo do que eu pudesse um dia vir a esperar. Muito mais simples do que eu pensasse um dia vir a fazer. Disse adeus, vou bazar daqui. E é por isso que eu te digo adeus e saio daqui a olhar em frente. Foi muito menos do que eu pensei que te viria a dar. E o mais certo é que parta cedo sem sequer te beijar. Digo adeus, vou bazar daqui. Aqui sinto o maxilar preso. É por isso que eu te digo adeus e saio daqui a olhar em frente.
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